terça-feira, 24 de novembro de 2009

Haverá vida após 2012?

O povo se preocupa tanto em perder a vida que esquece de viver. Ainda não consigo engolir milionários que gastam somas colossais em abrigos subterrâneos, ou em “terrenos” em outros planetas numa tentativa de refúgio se um dia o mundo ruir. A mais nova onda é a teoria que marca o final do calendário Maia em 21 de dezembro de 2012. Reportagens, livros, e até filme, tudo descreve e tenta nos dar uma prévia do que estamos por enfrentar daqui a três anos.

Os mais prevenidos já estão construindo abrigos, guardando mantimentos e não duvido que daqui a pouco surjam cursos com o tema “Como sobreviver ao fim do Mundo”, ou ainda “Aprenda a ser como as baratas”, um animal que esmagamos com o pé, mas que dizem sobreviver até explosões nucleares. Será que esses estudiosos consideraram a hipótese de que o calendário Maia acabou porque eles simplesmente não contaram mais? Penso que esse seria o mais óbvio a se acreditar.

É muito mais fácil o mundo acabar por falta de cuidado de seus habitantes, do que por uma teoria antiga, de povos que uma vez foram dizimados, mas que hoje recebem crédito por muitas coisas. Ao invés de criar datas para o fim, gastar milhões em publicações e produções, por que não se investe para consertar o que a cada dia mais leva o planeta a perecer? Acredito que sobreviver um dia já é uma grande vitória num mundo onde tudo está fora do eixo.

Tantos já foram os cientistas que previram o fim dos tempos, mas nada aconteceu, nem sequer uma pequena explosão, ou algo do gênero para pelo menos assustar um pouco. Tentamos dominar o tempo, o espaço, ditar o que vai acontecer, mas nada, nada mesmo está sob nosso controle. Quem garante que o término não virá muito antes de 2012? Sinceramente não sei, prefiro viver hoje, pois como diz a Bíblia em Mateus 6, 34 “basta a cada dia o seu mal”.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Resenha Crítica do filme: Sete Vidas (Seven Pounds, 2008)

Estados Unidos / 2008

Dirigido por Gabriele Muccino

Com Will Smith, Rosário Dawson, Woody Harrelson e Barry Papper

Sete Vidas: Em busca de um sentido para viver

“Em sete dias Deus criou o mundo, eu precisei de sete segundos para destruir o meu”. Essa é a frase usada para iniciar o drama estrelado por Will Smith, Sete Vidas. O filme dirigido por Gabriele Muccino conta a história do auditor fiscal Ben Thomas (Will Smith) e como ele planeja aliviar a culpa que atormenta sua vida.
A exemplo de “A procura da Felicidade” e “Eu sou a lenda”, quando comecei a ver esse filme, sabia que a história me traria algo mais. Will tem consagrado sua carreira ao protagonizar filmes com forte apelo moral. Em Sete vidas não foi diferente. O enredo mostra como pequenas ações podem mudar a trajetória de uma vida, não apenas a nossa, mas de muitas outras pessoas.
Ben Thomas carrega consigo o fardo de um trágico segredo, que tirou todo sentido que ele tinha de viver, e ao mesmo tempo trouxe sofrimento a outras vidas. Como forma de amenizar o mal que ele julga ter feito, mesmo que sem querer, resolve ajudar outras sete pessoas, algumas conhecidas outras que jamais teve contato antes.
O critério para receber esse “presente”, como Ben resolve chamar, é apenas um: ter bom caráter. Para isso ele monitora seus escolhidos e acaba conhecendo mais a fundo uma em específico, Emily Posa (Rosario Dawson). Emily sofre de falência aguda no coração e sua vida está com os dias contados. A salvação para a jovem mulher seria um doador que possuísse sangue raro, e as chances para isso acontecer são muito baixas.
A convivência com Emily faz Ben voltar a ver vida com novos olhos, com vontade de seguir em frente e apagar o que um dia tanto o fez sofrer. Mas suas opções não são vastas, vidas estão em jogo e a decisão está em suas mãos. O desfecho do drama é o mais puro exemplo de auto-doação, de que realmente alguém se importa mais com vida do próximo do que com a si própria.
Sete vidas leva a refletir sobre o que temos feito para melhorar as condições de vida de quem amamos. E até mesmo de quem não tem nada haver com nossas vidas. Que a gratidão é um sentimento muito maior do que qualquer recompensa possa oferecer, e que pra isso não há necessidade de sentirmos o reconhecimento. Dar valor as coisas simples da vida e não deixar que problemas, por maiores que sejam, nos impeçam de continuar de cabeça erguida.
A trama foge do padrão Hollywoodiano, nem sempre seguindo uma cronologia, mas ao final tudo se encaixa como um quebra-cabeça. Com cenas emocionantes, dignas de arrancar lágrimas dos corações mais durões, Sete vidas merece uma atenção especial, pois trás a tona a natureza humana mais difícil de se lidar: doar sua própria vida em favor de outras pessoas.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Um dia de verão antes da chuva...


Inspiração é tudo! E foi isso que eu senti ao ouvir essa frase, num domingo à noite, voltando pra casa junto com uma prima minha. A noite estava linda, estrelada, temperatura agradável, mas já demonstrando os primeiros sinais de que a chuva não demoraria a cair. Momento de transição. Mudança. Algo que meche com o mais íntimo do ser humano. Ao menos meche comigo...
É como se preparar para uma guerra. Ainda não aconteceu, mas você sabe que não está longe, e que de qualquer forma, vai ter que enfrentar. O sol, o calor, a alegria de dias sem nuvens não são eternos em nossa vida, eles aparecem e vão embora muitas vezes dando lugar ao frio e ao cinza. Dias cinzas! Onde está a cor? Alguém tem um balde de tinta ai?
Momentos de crise. O mundo está em crise. Crise financeira, crise na saúde, crise emocional. Porque entrar em crise? Por que algo está errado, por que o erro veio a tona e precisa ser reparado. Momento de reflexão, momento de transição, de mudança. Dias de sol não duram pra sempre. A chuva vem pra regar e dar espaço para que o sol faça seu trabalho com maior eficiência. Complementos, um não suporta sem outro. Ou melhor dizendo, nós não somos capazes de suportar sem os dois, mesmo que as vezes pareça ao contrário.
Tonalidades. Assim como fragrâncias e músicas as cores estimulam o senso crítico e emocional. Sentir as cores de um dia cinza ou o brilho de um dia de sol, mas aproveitar para refletir e saber que em cada momento há uma essência a ser capturada.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Faz-de-conta da vida real


Tenho uma rotina apertada, afinal de contas hoje em dia pra estudar se paga um preço alto. Meu dia começa às sete da manhã e termina às onze da noite, com intervalos máximos de uma hora. Nesse corre-corre louco, mal sobra tempo pra conversar com meus pais, ou até mesmo cuidar de aspectos estéticos, como fazer as unhas, dar uma caprichada no cabelo e assim por diante.
Quem me dera sobrasse tempo pra assistir televisão! As notícias eu acompanho pela internet, que atualmente é mais prática do que um aparelho televisor. Outros programas? Raramente, quando tenho uma folga de aula, ou nos finais de semana, se não tenho um bom livro pra ler. Novelas então, por mim poderiam nem existir!
Não estou sendo radical, sei que muitas donas de casa, e até seus respectivos maridos me apedrejariam ao ler isso, pois não perdem um capítulo e sabem mais da vida dos atores do que da vida dos próprios filhos. Exatamente, muitas mães não sabem onde andam seus filhos, mas sabem onde estão os filhos das protagonistas de uma novela. E algumas até ousam dizer, “se fosse meu filho, iria ver o que é bom pra tosse”, hipocrisia!
Não me assusto mais quando ouço as comadres da minha mãe (que graças a Deus não acompanha nenhuma novela), falando que fulano de tal morreu, ou que beltrano se divorciou. Inicialmente eu me preocupava em pedir quem era, mas depois de ouvir inúmeras vezes que se tratava de um personagem de novela, desisti.
As pessoas, principalmente as mulheres, que são muito mais cobradas dentro de uma sociedade, gostam de se esconder atrás de tramas para não ter que enfrentar todos os dias suas rotinas, que na maioria das vezes, são um tremendo caos. Realmente seria muito mais fácil se nossa vida fosse como numa novela.
Todos os personagens são de classe média alta, e os que não são um dia ficarão. As mulheres já acordam com seus cabelos impecáveis, maquiadas e sempre bem vestidas. Numa novela vale tudo: trair, roubar, matar, enganar e sair ileso, se quem fizer isso for o protagonista da trama. Resumindo, foi criado um mundo “perfeito”, com pessoas “perfeitas”, onde o vilão mais cedo ou mais tarde paga pelo que fez e o mocinho tem seu final feliz.
Mas na vida real, quantos “mocinhos” morrem por dia? E quantos “vilões” cometem as mais horrorosas atrocidades e continuam impunes? Nem sempre a moça bonita tem o final feliz que ela tanto sonhava, esse final pode ser interrompido, as vezes cedo demais. Quantas pessoas choram em frente a tela da TV quando morre algum personagem, mas não tem a mínima sensibilidade a inúmeras pessoas que morrem todos os dias. E as vezes, de baixo do nosso nariz.
Analisando bem a questão, eu não culpo os “noveleiros” por seu vício, muitas pessoas gostariam de fugir dessa triste realidade que vivemos, nem que seja por uma hora. Mas infelizmente, quando termina a novela, nossa vida volta ao normal, não podemos permanecer para sempre num mundo fictício. Fugir não irá resolver, mesmo que façamos isso inconscientemente.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Resenha Crítica do Filme: Cidade do Silêncio (Bordertown, 2006)



Estados Unidos / 2006

Por Gregory Nava

Com Jennifer Lopez, Antonio Banderas, Kate del Castillo, John Norman, Irineo Alvarez, Sonia Braga.

Cidade do silêncio: Uma denúncia Social

Baseado em fatos verídicos, Cidade do Silêncio conta a história da jornalista Lauren Adrian (Jennifer Lopez), de Chicago, que é mandada por seu chefe para Juarez, uma cidadezinha do México, divisa com os Estados Unidos. Lauren é incumbida a investigar os assassinatos de jovens mexicanas, que trabalham numa fábrica de eletrônicos. Cerca de 500 mulheres já haviam sido estupradas e mortas, e muitas outras mulheres estavam sumidas. Com a promessa de receber o cargo de correspondente internacional, a jornalista embarca para Juarez, contra a vontade.
No México, Lauren procura a ajuda de um antigo colega de trabalho, Alonso Díaz (Antonio Bandeiras), e descobre que os números de assassinatos são muito maiores do que os divulgados pela polícia. Mais de cinco mil jovens já haviam perdido a vida. Alonso é editor chefe do jornal da cidade, Sol de Juarez, e luta todos os dias para poder denunciar as injustiças cometidas pelo governo. A realidade de jornalistas oprimidos e censurados é muito bem tratada no filme, onde a polícia faz cerco quase que diariamente no prédio do jornal. Os populares procuravam abrigo com Díaz, pois era o único que realmente defendia a sua causa sem segundas intenções.
Outro aspecto importante mostrado em Cidade do Silêncio é a miséria que o povo mexicano enfrentava, e ao que era submetido para poder ganhar oito dólares por dia. Meninas de a partir de 14 anos trabalhavam nas multinacionais americanas para poder sustentar suas famílias, as quais muitas tiveram seus terrenos e bens tomados pelo governo. E se não bastasse corriam todos os dias o risco de serem mortas e jogadas no “Lote Bravo”, local onde os estupradores costumavam largar os corpos de suas vítimas.
Encarando essa realidade, Lauren conhece a jovem Eva Jimnenez (Maya Zapata), de apenas 16 anos, que conseguiu escapar das mãos do “diablo”, como eram chamados os assassinos. Operaria de uma das fábricas, Eva foi levada ao Lote Bravo, estuprada por dois homens, e enterrada ainda com vida. A jovem saiu de sua própria cova, voltou para casa e recorreu a Alonso Díaz, no Sol de Juarez, para conseguir proteção. Lauren abraça a causa da jovem mexicana, e passa a ajudá-la para que ela aponte quem foram às pessoas que tentaram matá-la.
No decorrer da investigação a jornalista descobre que esses assassinatos estão ligados a uma corja muito maior do que ela esperava. Grandes empresários e políticos encontram-se envolvidos. Não é apenas a economia da pequena cidade de Juarez que está em jogo, mas sim uma trama de negociações internacionais. A sujeira do dinheiro, das ambições que envolvem a sociedade e cegam os homens, fazendo com que vidas passem a ser menos importantes do que os bens materiais. Se o sacrifício de milhares jovens mexicanas trará lucro, que seja feito.
A trama cutuca a ferida da sociedade, mostrando que muitos dos podres são encobertos para que não se percam lucros. A troca de valores, onde o que produzimos se torna mais importante do que o que somos. Lauren, que a principio não se interessa muito em investigar sobre o assunto, se envolve de corpo e alma na história dessas jovens. Ela arrisca a própria vida para descobrir quem está por trás, lutando para que uma vida melhor seja oferecida a essa sociedade conturbada. Mas, ela é apenas uma jornalista, e mesmo tendo descoberto tudo que estava de baixo dos panos, sua matéria é cortada, e o jornal não a publica.
O poder dos grandes políticos envolvidos é mais que suficiente para calar a verdade por trás dos fatos. E o editor chefe de Lauren, que tanto prezava por um jornalismo ético e esclarecedor acima de tudo, é facilmente rendido pelo alvo de suas críticas. Alonso Díaz é morto por não se calar, e mais uma vez os poderosos continuam dominando, e brincando com vidas como se fossem meras peças de um jogo. No filme, Eva acaba por fazer justiça com as próprias mãos, representando o que muitos oprimidos teriam vontade de fazer para sair de seu enclausuramento.
Com cenas de impacto e uma trama envolvente, Cidade do Silêncio é um filme que merece atenção. Os atores do elenco souberam entrar a fundo em seus personagens, e sensibilizam o telespectador, criando um senso crítico sobre a situação representada. O filme leva a pensar se tudo que ouvimos da mídia é realmente a realidade e o quanto à informação é maquiada até chegar em nossas mãos. Tudo gira em torno de um interesse secular, sendo ele político ou ideológico.

“Psicóloga On-Line”

Para ajudar com as minhas despesas, resolvi conciliar com meu trabalho uma espécie de “bico”, a partir de hoje vou ser “Psicóloga On-Line”. Cansei de dar conselhos através do msn e não cobrar nada por eles. Como são muitos, acredito que cobrando por caractere digitado posso conseguir uma boa grana extra no final do mês.
Quando acesso o msn, até já sei quem vai me chamar para desabafar, é só dar uma olhada em como estão escritos os “nicks”: “Bruninha – Pode chorar, mas eu não volto pra você” - terminou com o namorado e está louca para que ele corra atrás e fale com ela; “Edu – Maaaaallllllll” – tomou um porre daqueles e está em plena crise existencial; “Beto – Loco de facero” – arrumou namorada nova e pensa que ela é o amor da sua vida.
A vantagem desse trabalho, é que posso atender a várias pessoas ao mesmo tempo, e com problemas totalmente diferentes, mas que se repetem diariamente. E tudo sem ter que sair do lugar, ou deixar de fazer minhas tarefas diárias. Afinal de contas o msn virou uma segunda vida para muitas pessoas que passam mais tempo conectados a internet do que ao mundo real. Então estou começando a me preocupar com meu emprego nessa segunda vida também.
Futura Jornalista no mundo real, e Psicóloga no mundo virtual...
Hoje em dia se faz de tudo pela internet mesmo, e estão inclusas nestas atividades algumas que antes era essencial estar presente fisicamente. Agora, até para isso se da um jeitinho na rede. Você pode ser o que sempre sonhou, e que sabe que fora daí dificilmente será um dia. Pode ter bens sem precisar gastar dinheiro de forma direta, e conquistar aquela pessoa que nunca olharia pra você fora das telas de um computador.
A única coisa que me preocupa nessa história, é como vou receber meus pagamentos. Ainda não inventaram a transação de dinheiro através do msn!

Oração On-line

A espiritualidade é algo que tem sido muito prezada nos dias de hoje, onde tantas catástrofes e atrocidades acontecem diariamente. As pessoas buscam encontrar seu lado místico de diversas formas, e para isso não faltam religiões e novas seitas que surgem em uma velocidade incrível. Você pode escolher qual se adapta mais ao seu estilo de vida, e se a que escolheu não o agradar por completo, pode buscar complementos em outras.
Mas como dedicaremos tempo a vida espiritual, se as nossas tarefas diárias absorvem a maior parte de nosso tempo? Como vamos fazer nossas orações se quando chegamos em casa a única coisa que pensamos é cair na cama? Nossos problemas acabaram! Pensando nisso foi desenvolvido um site, o Age Prayer, que por uma pequena mensalidade, variando entre dois e 50 dólares, se responsabiliza em fazer nossas orações diárias.
O site também oferece várias opções de religiões, atingindo o maior público possível, pois como já dito, hoje existem crenças para todos os gostos. Agora eu me pergunto, isso é muito diferente da época da inquisição, onde o perdão dos pecados era vendido? Estamos querendo comprar o equilíbrio espiritual, ou uma vaga no céu como se fazia antigamente? Que evolução!
Houve uma mistura dos tempos antigos com a era da tecnologia, mudou-se a forma, mas a essência é a mesma, ou até pior, pois estamos entregando nossa vida espiritual a um computador! Isso é até engraçado, pelo menos nos tempos medievais eram pessoas que faziam a comercialização e se responsabilizavam por nossas almas. Agora são máquinas criadas por nós mesmos que se “comunicarão” com Deus em nosso lugar.
Será que os deuses clamados por nossos computadores atenderão as nossas necessidades e cooperarão na condição de uma sociedade melhor? Acredito que pagando em dia as mensalidades, o resultado é garantido. Mas existe devolução caso Deus não ouça a oração feita pelo meu computador? Antes é preferível continuar afundado na rotina, do que usar muletas para se dizer que temos uma vida espiritual ativa, quando isso não passa da mais pura e legítima superficialidade.